O Academy Girls nasceu com o propósito de ampliar a presença feminina no programa EDGE Academy, uma iniciativa vinculada ao Programa Centro de Inovação EDGE da Universidade Federal de Alagoas.
Criado em 2015, o EDGE tem como missão aproximar a pesquisa acadêmica das demandas do setor produtivo, desenvolvendo soluções tecnológicas aplicáveis à indústria, principalmente por meio da Lei de Informática. Ao longo dos anos, ele se consolidou como uma referência em inovação tecnológica no Nordeste, com mais de 150 projetos industriais concluídos e uma rede de mais de 45 empresas parceiras.
Paralelamente ao fortalecimento de suas parcerias com a indústria, o EDGE assumiu um papel estratégico no Instituto de Computação (IC): a formação de mão de obra altamente qualificada para atuar em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) junto ao setor industrial. Assim, desde sua criação, o programa integrou alunos de graduação e pós-graduação do IC em projetos reais, proporcionando um aprendizado prático em ambientes de desenvolvimento dinâmicos.
No entanto, com a rápida expansão durante a pandemia, aliada à adoção do formato remoto e à chegada de colaboradores externos à UFAL, percebeu-se certa dificuldade na manutenção do padrão de excelência adotado pelo EDGE. Profissionais com menos experiência exigiam um acompanhamento mais próximo, difícil de replicar no modelo remoto, o que afetou a qualificação profissional e distorceu a proposta de qualidade que sempre foi um diferencial competitivo do programa.
Para enfrentar esse desafio, em maio de 2023, o EDGE lançou o EDGE Academy, um programa acadêmico estruturado, voltado aos alunos dos cursos de Ciência e Engenharia da Computação. O programa busca alinhar a formação dos estudantes à cultura e aos objetivos estratégicos do EDGE e prepará-los para impactar o mundo por meio da tecnologia. O programa foi concebido para, futuramente, ser a principal fonte de qualificação de mão de obra para atuar em projetos do EDGE, garantindo a formação de profissionais altamente capacitados.
Para ingressar no EDGE Academy, os candidatos passam por um rigoroso processo seletivo. Os estudantes aprovados são inseridos em um modelo imersivo e presencial, com foco no aprimoramento de habilidades acadêmicas, técnicas e comportamentais. Incentiva-se a participação em projetos reais, adotando-se a metodologia PBL (Aprendizagem Baseada em Problemas). Oferece-se também suporte psicológico através de imersões para o desenvolvimento de soft skills. Além disso, o programa disponibiliza aos integrantes bolsas escalonadas entre R$ 771,00 e R$ 2.900,00, de acordo com o desenvolvimento do(a) aluno(a) nas etapas do programa, uma infraestrutura física própria capaz de acolher 140 alunos e alunas, notebooks e um ambiente colaborativo para networking e crescimento profissional.
Contudo, a diversidade de gênero dentro do programa ainda é um desafio, pois a predominância masculina se destaca entre os integrantes, refletindo uma realidade comum no setor de tecnologia. Diante deste fato, tornou-se uma prioridade compreender os desafios enfrentados pelas alunas e implementar estratégias eficazes para incentivá-las e formá-las de acordo com as diretrizes de excelência do EDGE.
Nesse contexto, no segundo semestre de 2023, o EDGE Academy passou a engajar suas estudantes, promovendo uma reflexão ativa sobre a baixa participação feminina no programa. Essa mobilização resultou na criação do Academy Girls, integrando alunas e profissionais que atuam no programa. Tem-se como objetivos centrais: (I) fomentar a igualdade de gênero no EDGE Academy e, consequentemente, no EDGE; (II) atuar como um grupo de apoio e fortalecer o networking entre as participantes; (III) desenvolver nas alunas habilidades emocionais e sociais que favoreçam sua adaptação e confiança em um ambiente predominantemente masculino.
A iniciativa foi estruturada em ciclos, tendo três frentes de ação: (I) divulgação do edital por meio de encontros com meninas que já participavam do Academy e a circulação de formulários para atrair e engajar candidatas; (II) suporte técnico para a prova, auxiliando na preparação e no reforço de habilidades que possam representar barreiras de entrada; e (III) promoção de workshops internos voltados ao desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais que permitam uma melhor desenvoltura profissional em um ambiente majoritariamente masculino.
A meta inicial do Academy Girls é aproximar a participação feminina no EDGE Academy daquela observada no IC, buscando atingir 20% de representatividade. Pois, apesar dos avanços recentes, ainda há um descompasso entre a presença feminina no Instituto e no Academy. Para reduzir essa lacuna, urge que sejam implementadas estratégias que fortaleçam o engajamento feminino, criando um ambiente mais inclusivo e equitativo.
No Eixo Comportamental, o EDGE Academy planeja oferecer workshops exclusivos para as alunas, realizados mensalmente, com o objetivo de desenvolver soft skills essenciais para enfrentar desafios de gênero em um ambiente predominantemente masculino. Essas ações buscam fortalecer habilidades emocionais e sociais, proporcionando maior confiança e preparo para uma atuação profissional feminina mais assertiva e inclusiva no setor tecnológico.
Outro ponto a ser trabalhado é o estímulo à participação feminina em posições de liderança dentro do Academy. Tendo em vista que criar oportunidades estruturadas para que alunas assumam papéis de destaque tenderá a fortalecer a autoconfiança e permitirá o desenvolvimento de habilidades estratégicas em um ambiente seguro e controlado, onde há espaço para aprendizado por tentativa e erro.
Atualmente, o programa tem avançado na implementação de ações concretas, como um programa estruturado de mentoria, que conectará alunas do Academy a mulheres líderes do EDGE. Além disso, encontros e painéis com profissionais de destaque do setor tecnológico estão sendo articulados para reforçar essa rede de apoio e aprendizado. Outro ponto essencial é o incentivo à produção científica, bem como à participação ativa em eventos, competições e hackathons, ampliando a visibilidade e o reconhecimento das alunas tanto dentro quanto fora do Academy.
Destarte, entende-se que o impacto dessas medidas vai além do EDGE Academy. O aumento da diversidade no programa contribuirá para a formação de profissionais mais qualificados e preparados para o mercado de tecnologia. Além disso, o sucesso da iniciativa pode estimular a criação de políticas institucionais que ampliem o acesso e a permanência de grupos sub-representados na computação.